Discurso no jantar de confraternização da Abrafati (11-12-2013)
Antonio Carlos Lacerda
É um grande prazer contar com a presença de todos vocês esta noite.
Estamos aqui, mais uma vez, para fazermos um balanço e analisarmos o ano de 2013, ao mesmo tempo em que nos preparamos para o ano entrante.
Gostaria de começar dizendo que o ano de 2014 será melhor que 2013!
Não poderia começar esta apresentação sem fazer uma breve retrospectiva de 2013.
Faz um ano que um conhecido meu esteve aqui, uma pessoa que eu conheço bem (eu), e antecipou as dificuldades que enfrentaríamos em 2013. Ele avisou!
A falta de previsibilidade marcou o ano de 2013. E este é dos piores elementos na gestão de nossos negócios.
O mercado de tintas decorativas começou muito lento e claramente foi o ano da tinta Standard.
O mercado de tintas automotivas começou em ritmo acelerado e agora termina a passos lentos. A produção de veículos cresceu 12% (YTD novembro). As vendas estão flat e o estoque cresceu para 41 dias (média seria 29-30 dias).
O mercado de repintura automotiva continua sendo favorecido pelo desejo de manutenção do bem conquistado, o carro novo, e pelo grande número de carros novos na mão de motoristas pouco experientes. É importante aqui citar o processo positivo de profissionalização das oficinas de repintura e da crescente influência das seguradoras na cadeia produtiva, que exigem preços muito competitivos ao mercado e que ao mesmo tempo em que forçam a profissionalização podem aparentemente comprometer a qualidade.
O mercado de tintas industriais, pulverizado que é, sofre pelo atraso na manutenção das instalações fabris ante o pequeno crescimento da indústria brasileira. Grande parte das máquinas é hoje importada. O mercado de tintas marítimas e de proteção cresce em função do aumento dos investimentos em infraestrutura.
É um ano que termina com um crescimento de aproximadamente 2% do mercado de tintas como um todo.
Se levarmos em conta o IPCA de tintas (~6%) o crescimento pode chegar a 8-10% em faturamento (em reais).
Com base nisso o que podemos esperar para 2014?
Foi-se o tempo que a previsão do crescimento do mercado era baseada principalmente no crescimento do PIB, atividade industrial (produção de automóveis) e lançamento de imóveis novos.
Agora novos fatores precisam ser levados em consideração.
Estamos hoje concorrendo com o desejo da população em consumir produtos de bens duráveis.
Estamos hoje concorrendo com o que sobra do salário após o pagamento das prestações da casa própria, carro, telefone celular, geladeira, fogão e roupas de grife. A revista Exame deste mês ilustra muito bem esta problemática.
O acompanhamento da inadimplência e do comprometimento de renda passa a ser item obrigatório de nossos planejamentos estratégicos.
Na semana passada li um artigo muito interessante sobre a relação da venda de carros e venda de moradias. Esse estudo mostrava uma relação direta entre estes dois mercados. Parece que não há espaço para carro velho em uma casa nova. A relação é direta!
A nosso favor temos a manifestação e o uso da cor como expressão da alegria e sentimento de conquista da população.
Temos uma classe média que tem desejo de consumir.
Temos casas mais coloridas e as ruas mais engarrafadas, porém também coloridas. O tradicional preto e cinza cede espaço ao amarelo, azul e vermelho nos carros.
Apesar de tudo isso o ano de 2014 vai começar MUITO DEVAGAR. O aquecimento das vendas vai começar após o Carnaval.
Haverá um crescimento forte até o mês de junho. Todos estarão preparando suas casas para receber os amigos durante os jogos.
A partir daí teremos dois efeitos: a indústria vai sofrer com o elevado número de feriados e interrupções. O varejo vai ganhar movimento de feriado nos dias de jogos – ou seja, um aumento de vendas pode ser esperado para o varejo durante a Copa do Mundo.
Durante os jogos, nossa concorrência vai ser com a cerveja e a picanha e o tempo em frente à TV – ou seja, uma concorrência desleal!
Após a Copa do Mundo as vendas se intensificarão… O governo injetará recursos na economia.
É ano de eleição.
A pressão de custos continua cada vez mais forte – forçando a automação e o aumento de eficiência.
A pressão cambial será complicada. O dólar oscilará bastante e continuará pressionando os custos de matéria-prima.
Mesmo com esta situação, o mercado de tintas decorativas deve crescer algo como 2-3%.
A produção de automóveis deve aumentar 1-2% no máximo ante a limitação do crédito e o grande crescimento ocorrido em 2013.
A dificuldade de contratação e retenção da mão de obra vai continuar. No próximo ano negociaremos as cláusulas sociais com os sindicatos. Desde 2004 temos concedido aumentos reais de 2% acima da inflação.
Ou seja, um panorama desafiador, mas não diferente dos últimos anos.
Ainda assim, acredito que teremos um ano de 2014 de altos e baixos, porém não pior que 2013.
Muito analistas dizem que 2015 será o ano para esquecer – pois o governo vai ser forçado a fazer um grande ajuste monetário.
Não será o ano da ressaca, pois 2014 não será o ano da festa, mesmo que o Brasil seja campeão do mundo.
Em resumo, devemos buscar COM AINDA MAIS EMPENHO o aumento da eficiência e da produtividade para enfrentarmos os desafios do mercado.
Precisamos OBRIGATORIAMENTE trabalhar para que o consumidor valorize a qualidade das tintas. Para que os mercados Standard e Premium continuem crescendo em detrimento de tintas Econômicas.
O papel da Abrafati se torna cada vez mais importante como defensora dos interesses da indústria.
Por isso contamos com o seu apoio e participação para que juntos possamos continuar a promover o crescimento sustentável da indústria de tintas no Brasil. Isso vale para todas as entidades: ANAMACO, ABRAMAT, SITIVESP, ARTESP e muitas outras. Juntos somos mais fortes.
Espero que eu tenha sido menos indigesto que no ano passado.
Boa noite e bom jantar a todos!